JUÍZES
O livro
O nome juízes (hebr. Shofetim) designa, no Antigo Testamento, uma série de personagens que se esforçaram em dirigir o povo e mantê-lo a salvo da hostilidade e do domínio dos seus vizinhos (Ver a Tabela Cronológica). Esses personagens viveram durante o período compreendido entre a morte de Josué e os anos imediatamente anteriores ao início da monarquia de Israel (séculos XIII-XI a.C.). Mais do que juízes no sentido estrito de administradores da justiça, eram heróis que, de modo ocasional, guiaram as tribos israelitas na sua luta para permanecer nos territórios conquistados (2.16).
De fato, a raiz verbal de onde procede o substantivo hebraico traduzido por juiz possui também os significados de guia, direção e governo. E é muito provável que a idéia de governar seja a original e que dela se tenha derivado a idéia de julgar, visto que o poder de julgar é uma responsabilidade inerente ao governante ou ao aparato de governo.
O livro dos Juízes (= Jz) narra algumas das ações de guerra nas quais aqueles heróis lideraram uma ou mais tribos de Israel. Em situações difíceis, quando inimigos externos ameaçavam a sobrevivência do povo em Canaã, vê-se que “o Senhor lhes suscitou libertador, que os libertou” (3.9).
Embora o caráter militar desses juízes seja evidente, o livro ressalta que todos eles atuaram como instrumentos do Senhor, suscitados e movidos pelo seu Espírito para levar a cabo uma missão especial, em um determinado momento e por um tempo limitado. Nas proezas que realizaram, sempre se revelou o poder de Deus, que, apesar das freqüentes atitudes reprováveis dos israelitas, nunca deixou de cuidar deles com solicitude paternal e de sustentá-los para que não sucumbissem vítimas das suas vicissitudes.
Na descrição dessas personagens não existe um padrão comum de identificação. Assim, Débora se distingue como uma profetisa que, ao pé de uma palmeira, governa o povo e atende àqueles que solicitam a sua mediação em casos de litígio (4.4-5); Gideão é um camponês de humilde classe social (6.11); Jefté, filho de uma prostituta, liderou, ao que parece, um bando de malfeitores (11.1,3); e Sansão, o jovem celebrado pela sua excepcional força física (16.3), não consegue resistir aos encantos de uma mulher filistéia (16.17).
Conteúdo do livro
A história dos juízes no livro se reduz a uma série de narrações episódicas e desconexas. E o tratamento literário que os protagonistas recebem é muito desigual, pois, enquanto a alguns poucos são dedicados vários caps. (Débora, Gideão, Jefté, Sansão e Mica), de outros apenas se menciona o nome, acompanhado, se muito, de uma brevíssima informação pessoal (Otniel, Eúde, Sangar, Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom).
Ao contrário, tem-se observado que os episódios registrados em Juízes se ajustam a um certo modelo redacional, em virtude do qual nos é possível perceber uma espécie de visão global da época em questão. Esse modelo, geralmente definido como “esquema de quatro tempos”, é como segue:
Primeiro tempo: Fidelidade do povo. Sob a liderança de um juiz que governa ou dirige, o povo se mantém fiel ao Senhor e vive um período de paz e prosperidade (3.11,30; 5.31; 8.28).
Segundo tempo: Infidelidade do povo. Após a morte do juiz sobrevém um período em que os israelitas “tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor” (4.1; 13.1), apartam-se do Senhor e vão “após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles” (2.12-13; 3.7; 10.6).
Terceiro tempo: Ira de Deus. A infidelidade de Israel provoca a ira do Senhor, que entrega o povo nas mãos dos seus inimigos (2.14,20-21; 3.8; 4.2; 10.7).
Quarto tempo: Arrependimento de Israel. Submetidos à opressão dos seus vizinhos, os israelitas lamentam haver sido infiéis ao Senhor. Arrependidos, suplicam o seu auxílio (3.9,15; 4.3; 6.6), e ele lhes suscita um “juiz”, um libertador que os salva das suas angústias e dos seus males (2.16; 3.9,15). Israel recupera a liberdade e vive em paz durante quarenta anos (3.11; 5.31; 8.28; como exceção, em 3.30 se lê oitenta anos, que equivale a duas vezes quarenta anos). No final desse período em que o país “repousa”, começa o ciclo novamente.
Esboço:
1. Introdução geral ao período dos juízes (1.1—3.6)
a. Os israelitas se estabelecem em Canaã (1.1—2.5)
b. Síntese histórica do período dos juízes (2.6—3.6)
2. Os juízes de Israel (3.7—16.31)
a. De Otniel a Sangar (3.7-31)
b. Débora, a profetisa (4.1—5.31)
c. Gideão e Abimeleque (6.1—9.57)
d. Tola e Jair (10.1-5)
e. Jefté (10.6—12.7)
f. De Ibsã a Abdom (12.8-15)
g. Sansão (13.1—16.31)
3. Apêndices (17—21)
a. O sacerdote Mica e os danitas (17.1—18.31)
b. O levita e a sua concubina. A guerra contra os benjamitas (19.1—21.25)
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JUÍZES DE ISRAEL
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Nome
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Principais dados biográficos
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Referências
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Otniel
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Conquistou uma cidade cananéia chamada Debir
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Jz 1.12-13; 3.7-11
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Eúde
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Matou a Eglom, rei de Moabe, e venceu os moabitas
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Jz 3.12-30
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Sangar
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Matou 600 filisteus com uma aguilhada de bois
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Jz 3.31
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Débora
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Convenceu a Baraque para que dirigisse o exército israelita ao triunfo na batalha contra Sísera
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Jz 4—5
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Gideão
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Derrubou o altar de Baal e recebeu o nome de Jerubaal. Com 300 homens derrotou a 135 mil midianitas
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Jz 6—8
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Tola
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Julgou durante 23 anos
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Jz 10.1-2
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Jair
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Julgou durante 22 anos
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Jz 10.3-5
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Jefté
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Expulso de sua casa por seus meio irmãos, foi logo nomeado juiz de Israel. Vence aos amonitas e cumpre sua promessa de oferecer sua filha ao Senhor
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Jz 11.1—12.7
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Ibsã
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Julgou durante 7 anos
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Jz 12.9-10
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Elom
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Julgou durante 10 anos
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Jz 12.11-12
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Abdom
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Julgou durante 8 anos
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Jz 12.13-15
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Sansão
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Matou mil filisteus com uma queixada de jumentos; foi enganado por dalila; destruiu um templo filisteu; julgou durante 20 anos
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Jz 13—16
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Samuel
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Dedicado a Deus desde seu nascimento, que o chamou diretamente; foi o último dos juízes de Israel e o profeta
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