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terça-feira, 13 de novembro de 2012

CANTARES DE SALOMÃO


CANTARES DE SALOMÃO
O livro
O título hebraico dado a este breve mas belíssimo livro é uma expressão que corresponde literalmente ao início do texto hebraico da Bíblia: shir hashirim.

Trata-se de uma fórmula idiomática muito condensada, cujo sentido pode explicar-se com propriedade como: “o mais formoso dos cantos” ou “o poema mais sublime.” 

Assim, Cantares (= Ct) é um poema distribuído em estrofes, nas quais, alternadamente, dois namorados manifestam os seus recíprocos sentimentos numa linguagem apaixonada, de alto nível literário e brilhante colorido.

 Tudo nesse poema enfeitado de símiles e esplêndidas metáforas orienta-se para a exaltação do amor entre o homem e a mulher, nessa irresistível e mútua atração que inspira as palavras e determina as atitudes dos namorados. Em Cantares, o esposo olha a esposa como um modelo de perfeições, contempla-a pelo cristal daquilo que considera mais apetecível, seja vinha ou fonte, jardim ou “nardo e açafrão” (1.6; 2.15; 4.12-14; 5.1; 8.12). 

A beleza dos namorados e as delícias do amor são como os frutos da terra, os lírios, o vinho, o leite ou o favo de mel (4.3,11; 5.1,13; 6.2,7; 7.7-9; 8.2).

 Também, desde os mais altos expoentes da lírica, o poema expressa, às vezes, a angústia pela ausência do amado (1.7; 3.1-3; 5.8), a felicidade do encontro (2.8-14; 3.4) e, sobretudo, o desejo intenso da mútua entrega (1.2-4; 8.1-3).
A interpretação
Ao longo da história, o sentido das metáforas propostas por Cantares tem sido recusado, apesar da sua evidência. Para muitos intérpretes, tanto judeus como cristãos, parecia impensável que, entre os demais livros da Bíblia, pudesse haver um de caráter secular, cuja finalidade não fosse outra senão festejar a felicidade dos esposos unidos por um amor propriamente humano.

Por isso, desde longa data tratou-se de encontrar no livro um segundo sentido, de estrita natureza religiosa e oculto por debaixo daquilo que aparece à primeira vista.

 Assim, o Judaísmo o interpretou como uma exaltação alegórica do concerto de Jeová com Israel.

 Depois, a Igreja viu o seu relacionamento com Cristo prefigurado nos namorados protagonistas do poema. 

E, por último, a mística cristã descobriu neles a mais perfeita referência à união da alma com Deus.

 No entanto, todos esses critérios, condicionados pelo próprio sentimento religioso daqueles que os sustentavam, têm obscurecido durante séculos a interpretação mais singela e imediata de Cantares e a sua vinculação literária e de pensamento com antigos hinos de bodas da sociedade israelita. 


Eram canções entoadas umas pelos noivos, e outras, por familiares e convidados (Jr 25.10; 33.11), os quais bailavam e cantavam durante os sete dias de duração dos alegres festejos nupciais (Gn 29.27-28; Jz 14.10,17).

Aquilo que, ao contrário, se deve ressaltar é que a figura da união conjugal, tão belamente louvada por Cantares, é usada freqüentemente no Antigo Testamento como símbolo excelso do concerto de Deus com Israel (Jr 2.1-3; Ez 16; Os 1—3) e, no Novo Testamento, do relacionamento de Cristo com a Igreja (Ef 5.23-32; Ap 21.2,9).
O autor
A menção de Salomão (1.1) induz a se pensar que aquele rei, filho de Davi e sábio entre os sábios, foi o inspirado poeta a quem devemos a autoria de Cantares.

Daí se chamar o livro de Cantares de Salomão. Mas a esse respeito se deve assinalar que a frase hebraica traduzida por “de Salomão” tanto pode significar que ele foi o autor do poema como que o poema lhe foi dedicado ou, simplesmente, que Salomão é o personagem a quem o poema faz referência.

 Em um ou outro caso, o fato indubitável é que o nome do rei pesou de modo definitivo em favor de que Cantares fosse incluído entre os livros sapienciais do povo de Israel.
Composição do poema
No momento atual, a grande maioria dos especialistas está de acordo que Cantares, tal como tem chegado a nós, não é a obra de um único e determinado poeta. 

Trata-se, antes, de uma coleção de canções dos séculos V e IV a.C., compostas por pessoas desconhecidas para que o povo cantasse e compiladas, provavelmente, até o princípio do séc. III a.C. Portanto, não se deve supor nenhuma espécie de estrutura estabelecida de antemão como preparação da obra poética. 

A unidade literária de Cantares e a coerência do seu pensamento não procedem de nenhum plano prévio, mas da idéia geral que presidiu, no seu dia, a compilação dos cânticos.
Esboço:
1. Título (1.1)
2. Cânticos (1.2—8.14)
a. Primeiro (1.2—2.7)
b. Segundo (2.8—3.5)
c. Terceiro (3.6—5.1)
d. Quarto (5.2—6.3)
e. Quinto (6.4—8.4)
f. Sexto (8.5-14)



Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Ct

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