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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A IDÉIA BÍBLICA DO PECADO


A IDÉIA BÍBLICA DO PECADO

Dada a importância do assunto de que trata este texto, e em decorrência dos diferentes conceitos do pecado, chamamos a sua atenção para as seguintes particularidades do ensino bíblico sobre o pecado.

3.1. O PECADO É UMA CLASSE ESPECÍFICA DE MAL
Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal é mais do que ouvimos e lemos a respeito do pecado; isto talvez devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é bom lembrar que nem todo mal é pecado. O pecado não deve ser confundido com o mal fisico que produz prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado.
Os termos bíblicos para designar o pecado são variados, mas em geral ele é apresentado como “fracasso”, “erro”, “iniquidade”, “transgressão”, “contravenção”, “carência da lei” e “injustiça”. Porém, a definição do pecado não pode ser derivada simplesmente dos termos bíblicos para denotá-los. A característica principal do pecado em todos os seus aspectos, é que ele está orientado contra Deus, conforme mostram o Salmo 51.4 e Romanos 8.7.
Porque Davi não foi apedrejado?

3.2. O PECADO TEM UM CARÁTER ABSOLUTO
O contraste entre o bem e o mal é absoluto, e não há neutralidade alguma entre ambos; tanto que a transição entre um e outro não é de caráter quantitativo, mas qualitativo. Um ser moral, que é bom, não se torna mal só por diminuir sua bondade, mas por uma mudança radical que o leva a envolver-se com o pecado.
Jesus disse: “Quem não é por mim, é contra mim, e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). O homem tem que estar ao lado do bem e da justiça, ou do mal. Em assuntos espirituais, a Escritura não conhece uma posição neutra.

3.3. O PECADO TEM SEMPRE RELAÇÃO COM DEUS
É impossível se ter um conceito correto do pecado sem vê-lo em relação com a pessoa de Deus e sua vontade, pois é compreendendo assim que ele é interpretado como “falta de conformidade com a lei de Deus”. Esta é a definição formal mais correta do pecado.
As passagens seguintes mostram claramente que a Escritura vê o pecado em relação à Deus e à sua lei, contrariando-os.

“Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tal cousas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem” (Rm 1.32).

“... se todavia fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela
lei como trangressores” (Tg 2.9).

3.4. O PECADO INCLUI TANTO A CULPA COMO A CORRUPÇÃO DA PESSOA
A culpa é um estado em que se sente o merecimento do castigo pela violação duma lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei. Porém, por ser uma palavra de significado duplo, a culpa tanto denota a qualidade própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do castigo divinos. Dabney fala desse último aspecto da culpa como “a culpa potencial”. A culpa pode ser removida por meio dum substituto, mediante a satisfação das exigências da lei divina (Mt 6.12; Rm 3.19; 5.l8; Ef 2.3).
Corrupção é contaminação inerente a cada pecador; é uma realidade na vida de todo indivíduo. Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19).

3.5. O PECADO TEM LUGAR PRIMEIRAMENTE NO CORAÇÃO
O pecado não reside em nenhuma faculdade da alma, mas sim no coraçao, o âmago da alma, de onde flui a vida. O coração de que fala a Bíblia, é o centro das influências que põe em operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o coração torna o homem objeto do desagrado de Deus.
Sobre o coração como invólucro do pecado, escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso e o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?”. (Jr 17.9). Você deve ler também Provérbios 4.23; Mateus 15.19, 20; Lucas 6.45 e Hebreus 3.12.



OS PECADOS, ORIGINAL E PRATICADO

4.1. O PECADO ORIGINAL
A condição pecaminosa em que nasce o ser humano é definida teologicamente como “pecado original”. Segundo Berkhof, ele é chamado assim: 1) porque se deriva de Adão, o tronco original da raça humana; 2) porque está presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado como resultado de simples imitação; e 3) porque é a raiz interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem.
Devemos, porém, evitar o erro de pensar que o termo “pecado original” implica que este pecado pertence à constituição original da natureza humana, posto que isto implicaria que Deus criou o homem como pecador.
Dentre os vários elementos do pecado original, distinguimos para efeito de estudo, os dois que se seguem:

4.1.1. A CULPA ORIGINAL A palavra “culpa”, com relação ao pecado original, expressa a relação que a justiça tem com o pecado, e, como expressavam os teólogos mais antigos, a relação que o pecado tem com a pena da lei. É assim que a culpa do pecado de Adão, como cabeça da raça humana, é imputada a todos os seus descendentes. Com este ensino concordam as passagens de Romanos 5.12-l9; Efésios 2.3 e 1 Coríntios 15.22.

4.1.2. A CORRUPÇÃO ORIGINAL A corrupção original do homem inclui a ausência da justiça original e a presença de um mal real. É a tendência da natureza caída, herdada de Adão, que condiciona o homem para pecar.

4.2. O PECADO PRATICADO
O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como representante da raça humana; uma transgressão da lei de Deus e uma corrupção da natureza humana, que deixou o homem exposto ao juízo e castigo divinos. E esta natureza corrompida a fonte de onde fluem todos os pecados praticados.
“Pecados praticados” são os atos externos que se executam por meio do corpo. São também todos os maus pensamentos conscientes. São os pecados individuais de fato.
O pecado original é um só, enquanto que o pecado praticado desdobra-se em diferentes classes, incluindo atos e atitudes.
O que o apóstolo João escreveu no capítulo primeiro de sua primeira epístola universal poderá nos ajudar a compreender melhor a diferença entre “pecado original” e “pecados praticados”.
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1.8-9).
A palavra pecado, no singular, citada no versiculo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja, à natureza decaída do homem, enquanto que a palavra “pecado”, no plural, citada no versículo 9, refere-se ao pecado praticado, do nosso dia-a-dia.

4.3 A CLASSIFICAÇÃO DOS PECADOS PRATICADOS
É impossível classificar todos os pecados praticados, pois variam de classe e de grau, e podem diferenciar-se em mais de um ponto. Os católicos romanos fazem uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém têm dificuldade em identificar qual pecado é venial ou mortal.
A mais completa lista das diferentes classes de pecados mencionados na Biblia, é apresentada pelo apóstolo Paulo na sua epístola aos Gálatas:
“Ora, as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, ciumes, iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam” (Gl 5.19-21).
O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o grau de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, que estão no seu pecado, são culpados aos olhos de Deus; porém, aqueles que gozam do favor do Evangelho e têm a revelação de Deus são muito mais culpados quando caem. Com isto concordam passagens bíblicas tais como: Mt 10.15; Lc 12.47, 48; 23.24; Jo 19.11; At 17.30; Rm 1.32; 2.12; 2Tm 1.13, 15, 16.
O pecado pode ser tanto por comissão como por omissão. Isto quer dizer que, aquele que não faz o bem que deveria fazer, é tão pecador diante de Deus quanto aquele que derrama o sangue do seu próximo.

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