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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AMÓS


AMÓS
O profeta e o seu meio
Amós foi um dos grandes profetas do séc. VIII a.C., muito embora ele mesmo preferisse ver a si mesmo como um homem simples, dedicado aos seus afazeres rurais como um “entre os pastores de Tecoa” (1.1).

 Assim o declara na sua controvérsia com o sacerdote Amasias, que o acusa de trair o rei de Israel: “Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas boieiro e cultivador de sicômoros” (7.14).

Houve, todavia, um dia em que aconteceu a transformação de Amós no mensageiro enviado por Deus para profetizar no Reino do Norte. Como ele mesmo disse: “Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo Israel” (7.15).

Distante uns 10 km ao sul de Belém, próximo ao mar Morto e como que suspensa entre as montanhas de Judá, situava-se a pequena cidade de Tecoa. 

Amós residia ali, mas, por algum motivo que ignoramos, a sua atividade profética desenvolveu-se no Reino do Norte. Deve ter começado em torno do ano 750 a.C., “dois anos antes do terremoto” (cf. Zc 14.5), durante o reinado de Jeroboão II (783-743 a.C.).

Aquela era uma época de prosperidade para o reino. Sob o cetro de Jeroboão, o comércio com outros países enriqueceu o Estado; Israel voltou ao esplendor dos dias de Davi e, por força das armas (6.13), conseguiu recuperar territórios que havia perdido no lado oriental do Jordão (2Rs 14.25).

Certamente, os êxitos militares e o aumento da riqueza despertaram no povo grande entusiasmo; mas, no devido tempo, foram a causa do crescimento da desigualdade entre os diversos estratos sociais.

 Os ricos aumentaram as suas riquezas, enquanto que os pobres submergiam cada vez mais na miséria.

 O povo humilde sofria a opressão dos poderosos, uma opressão agravada pela corrupção dos juízes e dos tribunais de justiça (2.6-7; 5.7-12). 

Até mesmo a vida religiosa havia se corrompido. O culto contaminou-se com as práticas pagãs de outros povos (5.26), e as cerimônias religiosas, exteriormente esplendorosas, perderam a sua autenticidade e sua piedade sincera (5.21-23).


O livro e a sua mensagem
O Livro de Amós (= Am) começa com o anúncio do castigo que as nações e cidades vizinhas de Israel sofrerão por causa da crueldade da sua conduta na guerra.

 Damasco, Bete-Éden, Gaza, Asdode e outros lugares são mencionados em uma série de oráculos que precedem o da condenação a que Judá e Israel também tornaram-se merecedoras (1.3—2.16); pois, mesmo sendo o povo escolhido, Deus não deixará impunes os pecados que cometeram.

 Muito ao contrário, precisamente por causa da sua eleição, o compromisso contraído por Israel e a sua responsabilidade aos olhos de Deus são maiores. Em conseqüência, mais severo será o castigo merecido pela sua conduta (3.1-2).

A mensagem central de Amós representa, dessa forma, uma dura crítica contra a sociedade israelita da época. 

O profeta ataca a injustiça social reinante, o enriquecimento por parte de muitos à custa dos pobres, explorados sem compaixão (3.10; 5.11; 8.4-6); o suborno e a prevaricação de juízes e tribunais (5.12); a opressão, a violência e até a escravidão a que os mais pobres são submetidos (2.6; 8.6). 

O profeta proclama que o Senhor não ficará indiferente diante de pecados como estes, mas castigará aqueles que os cometem (2.13-16; 4.2-3; 5.18-20; 8.3); em vista disso, urge a todo o Israel: “Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus” (4.12).

A última parte do livro (7.1—9.10) contém uma série de visões que anunciam a impossibilidade de se escapar do juízo de Deus, do castigo iminente que lhes há de sobrevir apesar dos apelos insistentes de Amós (7.2,5).

 Porém, ainda que tais juízos e o castigo anunciados sejam inevitáveis, também é certo que Deus não quer destruir a Israel, mas reedificá-lo e restaurá-lo, para que continue sendo, já em liberdade, o povo da sua eleição (9.11-15).
Esboço:
1. Juízos contra as nações vizinhas (1.1—2.5)
2. Juízo contra Israel (2.6-16)
3. Denúncias e ameaças (3.1—6.14)
4. Visões de castigo (7.1—9.10)
5. Restauração futura de Israel (9.11-15)


Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Am

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