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domingo, 30 de dezembro de 2012

MALAQUIAS


                  MALAQUIAS
O profeta e o seu meio
Malaquias, o nome que aparece na introdução deste breve escrito, deriva do termo hebraico malachi, que significa “o meu mensageiro”. 

E, uma vez que um profeta é propriamente um mensageiro de Deus, “Malaquias” pode ser entendido não só como nome próprio, mas também como título daquele a quem Deus confia um ministério profético.

O surgimento deste texto deve ter acontecido depois que, a partir do ano 516 a.C., foram retomadas regularmente as cerimônias do culto (1.6—2.9) no templo de Jerusalém, após a sua reconstrução (cf. 3.10).

 É provável que Malaquias tenha exercido as suas funções em fins do séc. VI ou no começo do V a.C., durante um período intermediário entre a atividade de Ageu e Zacarias (segunda metade do séc. VI a.C.) e o de Esdras e Neemias, cerca de um século depois.

 Também pode-se pensar que a pregação de Malaquias abriu o caminho para as reformas realizadas por Neemias.
O livro e a sua mensagem
Com o Livro de Malaquias (= Ml), último dos doze que formam o grupo dos chamados Profetas Menores, encerra-se o bloco da literatura profética da Bíblia e coloca-se o ponto final à última página do Antigo Testamento.

O texto de Malaquias caracteriza-se pelo tom polêmico com que aborda os diversos temas. 

A própria estrutura literária da mensagem é uma espécie de discussão retórica, de diálogo com os seus destinatários, a cujas perguntas e objeções o profeta responde. A fórmula discursiva é a seguinte:

(a) o Senhor estabelece um princípio geral ou condena uma prática reprovável habitual no povo;

(b) os interpelados apresentam as suas dúvidas e fazem perguntas, introduzidas, às vezes, de maneira irônica pelo profeta;

(c) o Senhor intervém novamente, confirma e amplia o que tinha dito antes, acrescenta mais reprovações e anuncia o castigo dos culpados.

O objetivo imediato da reprovação profética de Malaquias são os sacerdotes que, com a sua negligência, permitem que o pecado se instale no próprio templo (2.11) e que são os responsáveis pelos abusos praticados na celebração dos sacrifícios (1.6—2.9);

 mas também censura com severidade os maus, os injustos, os ímpios, os que repudiam a sua esposa para se unirem a uma estrangeira (2.10-16) e os que deixam de pagar os seus dízimos, defraudando assim o Senhor.

 O juízo condenatório de Malaquias se estende a todos os que não têm temor a Deus (3.5).

Por outro lado, a mensagem do profeta revela o estado de ânimo em que se achavam muitos israelitas passadas várias décadas da repatriação dos exilados na Babilônia.

 As grandes dificuldades econômicas que tinham de enfrentar, os relacionamentos problemáticos com os povos vizinhos e a demora no cumprimento das promessas que haviam escutado pela boca de Ageu e Zacarias deram lugar entre eles para o desencanto e para dúvidas sobre o amor e a justiça de Deus (cf. 2.17).

 Por isso, Malaquias afirma, com paixão, que Deus ama ao seu povo (1.2) e que não deixará de cumprir as promessas que lhe fez.

 O Dia do Senhor vem “vem ardendo como forno”, mas para os que temem o nome do Senhor “nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas” (4.1-2).
Esboço:
1. O amor do Senhor por Jacó (1.1-5)
2. O Senhor repreende os sacerdotes (1.6—2.9)
3. Condenação do repúdio da própria esposa e do matrimônio com estrangeiras (2.10-16)
4. O dia do juízo se aproxima (2.17—3.5)
5. O pagamento dos dízimos (3.6-12)
6. O justo e o mau (3.13-18)
7. O advento do Dia do Senhor (4.1-6)



Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Ml

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ZACARIAS


                       ZACARIAS
O profeta e o seu meio
A introdução deste livro situa o início da atividade profética de Zacarias, filho de Baraquias, no “oitavo mês do segundo ano de Dario” (1.1). 

Esse monarca persa reinou entre 522 e 486 a.C., e, visto que Zacarias provavelmente tenha profetizado durante pouco mais de dois anos, pode-se estabelecer com bastante exatidão o tempo do seu ministério entre os anos 520 e 518 a.C.

Comparando a data indicada por esse profeta com a registrada no título do Livro de Ageu (Ag 1.1), verifica-se que foram contemporâneos; Zacarias começou o seu ministério apenas dois meses depois, segundo uma cronologia que é determinada pelas informações encontradas nas seguintes passagens: 1.1,7; 7.1.
O livro e a sua mensagem
O Livro de Zacarias (= Zc) tem duas partes bem distintas. A primeira compreende os caps. 1—8; e a segunda, os seis restantes: caps. 9—14.

Os primeiros versículos do escrito (1.2-6) são uma convocação feita aos repatriados do cativeiro babilônico, a quem o profeta exorta ao arrependimento e à conversão: “Tornai para mim, diz o Senhor dos Exércitos, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos” (v. 3).

 A exortação é seguida de uma série de visões complicadas, cheias de símbolos, de difícil interpretação, algumas vezes; nelas, sob a aparência de um anjo, o Senhor se apresenta ao profeta, dialoga com ele e responde às suas perguntas. Sob um ponto de vista literário, essas visões se assemelham às de Amós e Jeremias (Am 7.1—9.4; Jr 1.11-19).

Os textos que formam a primeira parte do livro são basicamente compreensíveis, apesar das dificuldades resultantes das muitas figuras simbólicas.

 Alguns temas aqui presentes destacam-se de forma especial, tais como o do amor e da misericórdia de Deus para com Jerusalém (1.14,16), o da humilhação das nações (“poderes”) que causaram a dispersão de Judá (1.21), o da eliminação do pecado entre o povo de Deus (5.3-4,8) e o da esperança messiânica (4.1-14). 

A reconstrução do templo recebe atenção especial por parte do profeta Zacarias (1.16; 4.8-10; 6.15); ele, junto com Ageu, anima o povo a retomar as obras interrompidas (cf. Ed 6.14), cuja conclusão redundará em benefício do esplendor de Jerusalém, a cidade escolhida pelo Senhor para nela habitar (2.10-12; 8.3).

Outro tema com que Zacarias se preocupa é a sinceridade na prática do jejum (7.2-14), uma prática cujo sentido pleno de gozo, alegria e festividade solene (8.19) se alcançará quando Jerusalém tiver sido restaurada.

A segunda parte do livro aponta para uma situação histórica diferente. Determinadas diferenças de enfoque da mensagem profética, junto com alguns indícios de natureza cultural (p. ex., o emprego do nome Grécia em 9.13) correspondem melhor a outra época do que a vivida por Zacarias. 

Os pesquisadores opinam que os caps. 9—14 se referem a uma época posterior, provavelmente aos anos de expansão do helenismo sob o governo de Alexandre, o Grande (segunda metade do séc. IV a.C.).

Sem nenhum texto de transição, exceto pela espécie de título com que se inicia esta parte (cf. Ml 1.1), a profecia contempla o triunfo final do Senhor sobre as nações inimigas (12.9; 14.12-15), às quais ele mesmo havia antes reunido para combaterem contra Jerusalém (14.2).

 Este será o castigo da cidade “contra o pecado e contra a impureza” da sua infidelidade (13.1-3). Todavia, Jerusalém será libertada em breve “e Jerusalém será habitada outra vez no seu próprio lugar” (12.6).

 Zacarias proclama o Senhor como defensor do seu povo e de Jerusalém (9.8,15-16; 12.8), anuncia a reunião de todos os que estavam dispersos por diversos lugares (10.6-10), a anexação dos povos pagãos a Israel (9.7; 14.16-17) e o reinado definitivo de Deus (14.9,16).

 Muito significativa é a profecia messiânica sobre a chegada a Jerusalém de um Rei “justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta” (9.9). 

Os evangelistas Mateus e João manifestavam expressamente que o anúncio de Zacarias se cumpre com a entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21.4-5; Jo 12.14-15).
Esboço:
1. Chamamento a voltar-se para o Senhor (1.1-6)
2. Visões simbólicas (1.7—6.8)
3. Coroação simbólica de Josué (6.9-15)
4. Instrução sobre o jejum. Anúncio da salvação messiânica (7.1—8.23)
5. Castigo das nações vizinhas (9.1-8)
6. O futuro rei de Sião (9.9-17)
7. O Senhor redimirá o seu povo (10.1—11.3)
8. Os dois pastores (11.4-17)
9. A libertação de Jerusalém (12.1—13.9)
10. Vitória final de Jerusalém (14.1-21)



Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Zc

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

AGEU


                         AGEU
                O profeta e o seu meio
O profeta Ageu demonstra, no livro que leva o seu nome (= Ag), um interesse especial pela precisão dos dados históricos que menciona.

 Repete datas e notícias (1.1,15; 2.1,10,20) que permitem estabelecer com exatidão o tempo em que começou a exercer a sua atividade: o ano 520 a.C., “ano segundo do rei Dario” (1.1), que governou entre 521 e 485 a.C.

Ciro, o monarca fundador do Império Persa, promulgou no ano 538 a.C. o seu célebre edito (2Cr 36.22-23; Ed 1.1-4) que pôs fim ao cativeiro dos judeus na Babilônia (2Rs 25.1-22).

 Pouco depois, no ano 537, os judeus que haviam regressado a Jerusalém iniciaram com entusiasmo a reconstrução do templo (Ed 1.1-11). 

Entretanto, o fervor inicial logo se apagou; no seu lugar, propagou-se entre as pessoas um profundo desânimo, provocado, em parte, pela precariedade dos meios de que dispunham (1.6) e, em parte, pela intranqüilidade de ter de enfrentar cotidianamente a atitude hostil dos samaritanos (Ed 4.1-24).

 Tais circunstâncias afetaram as obras de restauração do templo, provocando, inclusive, a sua total paralisação (Ed 4.24), ao mesmo tempo em que, em contraste, começavam a aparecer na própria Jerusalém belas mansões particulares de membros ricos da comunidade (1.4).

A situação assim criada, aliada à falta de estabilidade política que reinava no Império Persa desde o ano 522 a.C., fornece o pano de fundo para a mensagem que Ageu tinha de apresentar ao povo e às autoridades mais importantes de Jerusalém: a Zorobabel, governador de Judá, e a Josué, sumo sacerdote (cf. Ed 5.1-2; 6.14).
O livro e a sua mensagem
A profecia de Ageu consiste basicamente em uma exortação a começar sem demora a reconstrução do templo, que não podia permanecer em ruínas por mais tempo, mas devia ser restaurado para a glória de Deus (1.8).

 A ordem procede de Deus (1.8) e não pode ser ignorada sem que disso resultem sérios danos para todos: a seca, a perda das colheitas e a pobreza, que serão os sinais da cólera divina (1.9-11). 

Por outro lado, Deus abençoará e trará uma rápida e perene salvação ao seu povo, se, mediante o esforço de todos, o templo for reconstruído (1.8; 2.6-9; 2.20-23).

A reação positiva de Zorobabel e Josué aos apelos unânimes de Ageu e Zacarias (cf. Ed 6.14) despertou o adormecido entusiasmo popular (1.12-14). 

As obras foram retomadas sem perda de tempo, e, não muito tempo depois, foi possível celebrar com grandes manifestações de alegria a dedicação do santuário recém-restaurado (Ed 6.15-18).
Esboço:
1. Exortação para a reedificação do templo (1.1-15)
2. A glória do novo templo (2.1-9)
3. Repreensão da infidelidade do povo (2.10-19)
4. Promessa do Senhor a Zorobabel (2.20-23)


Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. Ag 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

SOFONIAS


                    SOFONIAS
  


              O profeta e o seu meio

O título desta obra (1.1) relaciona os nomes dos ascendentes de Sofonias até o seu trisavô Ezequias, que alguns identificam como sendo o rei de Judá mencionado em 2Rs 18.1—20.21 (cf. 2Cr 29.1—32.33; Is 36.1—39.8).

 E, com certeza, o nome é o mesmo, e a época em que viveu o antepassado do profeta também parece corresponder à do governo daquele monarca (721-693 a.C.); no entanto, tais coincidências não bastam para se chegar à conclusão de que se refiram à mesma pessoa.

A informação biográfica transmitida pelo livro de Sofonias é que o profeta desenvolveu a sua atividade durante o reinado de Josias, rei de Judá (640-609 a.C.).

 Esta foi a época em que as antigas tradições do povo foram restauradas e freou-se o grave deterioramento que a religiosidade judaica havia sofrido durante os reinados de Manassés e de Amom (2Rs 21); e foi também então que, tendo se descoberto, em 622 a.C., o “Livro da Lei”, Josias empreendeu a reforma do culto de Jerusalém (2Rs 22.3—23.25; 2Cr 34.8—35.19).

Coube, provavelmente, a Sofonias representar um papel importante no processo de rearmamento moral e espiritual de Judá; mas, uma vez que a sua proclamação se encaixa melhor em uma época de depravação e em uma sociedade dominada pelo paganismo e, além disso, visto que não contém a menor alusão às reformas de Josias, é fácil supor que a sua atividade profética deu-se em um período imediatamente anterior à condução da obra realizada pelo rei, talvez entre os anos 630 e 625 a.C.
         O livro e a sua mensagem

A mensagem profética de Sofonias (= Sf) começa com o anúncio de um desastre de dimensões universais.

 O Senhor afirma que, por causa dos pecados de Judá, está para destruir “todas as coisas sobre a face da terra”, tanto aos homens como aos animais.

 Somente se salvarão — “porventura” — os “mansos da terra” (2.3) e os que verdadeiramente procuram agir com justiça (cap. 1). Em uma segunda parte (cap. 2), o oráculo do profeta é lançado mais diretamente sobre os inimigos de Judá. 

O juízo de Deus alcançará as nações pagãs, desde os filisteus habitantes da costa mediterrânea até os assírios da Mesopotâmia. Em terceiro lugar (cap. 3), Sofonias proclama uma mensagem de esperança dirigida ao pequeno resto, os “restantes de Israel” (v. 13), ao “povo modesto e humilde” (v. 12) que houver sobrevivido à catástrofe.

 A este o profeta anuncia “lábios puros” para invocar o nome do Senhor (v. 9) e libertação definitiva de todo cativeiro (v. 19).

O tema central da mensagem de Sofonias é o anunciado “grande Dia do Senhor” (1.7,10,14), tema que já havia despertado o interesse de outros profetas (cf. Am 5.18-20). Sofonias o descreve com pinceladas sombrias: “Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas” (1.15). 

Nele haverá clamor, castigo e pilhagem e nele gritarão os valentes (1.8-13). Mas esse dia terrível também porá fim ao domínio da maldade sobre a terra e à indiferença dos que pensam que Deus permanece alheio ao drama da existência humana (1.12).

Esboço:
1. O dia da ira do Senhor (1.1-18)
2. Juízos contra as nações vizinhas (2.1-15)
3. O pecado de Jerusalém e a sua redenção (3.1-20)



Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005, S. Sf 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

HABACUQUE


                     HABACUQUE
               
O profeta e o seu meio
Deste personagem bíblico sabemos apenas que foi profeta e que se chama Habacuque (1.1; 3.1). 

O seu livro, oitavo entre os doze chamados de “profetas menores”, não traz qualquer, ainda que mínima, informação pessoal, nem o seu nome é mencionado em qualquer outro livro do Antigo ou do Novo Testamento.

Com base na referência que se faz aos “caldeus, nação amarga e apressada” (1.6), alguns têm deduzido que Habacuque profetizou em algum tempo próximo à destruição de Nínive (612 a.C.); contudo, devido à falta de qualquer documento que permita fixar a data com exatidão, há também os que pensam que a atividade do profeta deve ser fixada entre o ano 605 a.C., princípio do reinado de Nabucodonosor na Babilônia (cf. Jr 25.1), e 597 a.C., ano da queda de Jerusalém (cf. 2Rs 24.10-12). 

As dificuldades para datar a sua atividade profética aumentam por causa do simbolismo que mais tarde adquiriu a imagem da Babilônia, nome que chegou a ser exemplo máximo de opressão, maldade e violência (cf. Ap 18).
O livro e a sua mensagem
Após o título do Livro de Habacuque (= Hc) em 1.1, a profecia é formada por três seções bem distintas.

A primeira delas (1.2—2.4) é uma espécie de diálogo entre Deus e o profeta. Habacuque clama por causa da violência e da injustiça praticadas diante dos seus próprios olhos pelas pessoas da sua nação (1.2-4); e o Senhor lhe responde afirmando que a maldade será castigada e que os caldeus serão o braço executor do castigo (1.5-11). 

Mas essa resposta torna o profeta ainda mais confuso, pois não compreende como Deus pode valer-se dos cruéis caldeus para invadir e arrasar o país: “por que, pois... te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (1.13).

Na segunda parte (2.5-20), Deus convida o profeta a confiar inteiramente nele. Virá o dia em que também os caldeus serão abatidos.

 A sua própria soberba os consumirá quando tiver chegado a ocasião do triunfo da justiça, quando o mau receber o pagamento que merece, ao mesmo tempo em que “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4; cf. Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).

O cap. 3 constitui a terceira seção do livro. É uma oração em forma de salmo, composta para cantar a glória do Senhor e para expressar, em uma vibrante linguagem poética, a confiança do profeta na proteção que lhe dispensará o Deus da sua salvação, o Senhor que é a sua fortaleza (3.18-19).
Esboço:
1. Diálogo entre Habacuque e Deus (1.1—2.4)
a. Habacuque queixa-se da injustiça (1.1-4)
b. Resposta de Deus: Judá será castigado (1.5-11)
c. Intercessão de Habacuque (1.12-17)
d. Resposta de Deus: o castigo virá, mas o justo viverá pela fé (2.1-5)
2. Cinco ais sobre os caldeus (2.6-20)
3. Oração de Habacuque (3.1-19)


Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. Hc 

domingo, 16 de dezembro de 2012

NAUM


                          NAUM
O profeta e o seu meio
Tudo o que conhecemos até hoje sobre a vida de Naum resume-se exclusivamente ao que o próprio livro traz: que nasceu em Elcos (1.1).

 Mas até mesmo essa informação é pouco significativa, pois jamais se conseguiu identificar o povoado com esse nome e nem mesmo localizá-lo. 

Alguns pensam que Elcos pertencia a Judá e estava situada na região da Sefelá, próximo de Moresete-Gate; outros, contudo, supõem que se situava na Galiléia e, mais concretamente, no lugar onde depois se edificou a cidade de Cafarnaum.

A atividade de Naum parece corresponder ao período entre 663 e 612 a.C., sendo provável que a composição do livro tenha-se dado pouco antes do de 612 a.C., ano em que os aliados medo-caldeus atacaram e destruíram a cidade de Nínive.

Desde o seu aparecimento no cenário geral da história, os assírios haviam se mostrado um povo belicoso e os mais cruéis dominadores das nações conquistadas, às quais impuseram toda espécie de violências e deportações (cf. 2Rs 17.3-6).

 Por isso, os povos do Oriente Médio, entre esses o reino de Judá, os quais, durante um século bastante longo, haviam sofrido o jugo da opressão assíria (cf. 2Rs 18.13-37), celebraram com muita alegria a destruição de Nínive.
O livro e a sua mensagem
A queda daquela grande capital, centro vital do poder imperial da Assíria, constitui o único tema da profecia de Naum. Em torno desse acontecimento tão esperado, move-se a sua mensagem, que é um poema vibrante e cheio de paixão.

Das duas partes em que se pode dividir o Livro de Naum (= Na), a primeira (1.2-10) apresenta-se em forma alfabética: até o v. 8, a letra inicial de cada v. segue a ordem do alfabeto hebraico.

 O texto é um cântico de exaltação à glória do Senhor, o Deus “zeloso e que toma vingança”, cujo poder supera qualquer poder humano e também as mais violentas manifestações da natureza (1.3b-6).

 O Senhor, o Deus de Israel, protegerá os seus e os livrará dos seus inimigos, os assírios (1.8-10); ele, que é o Senhor da história e tem nas suas mãos o destino das nações, “acabará de uma vez” com os seus inimigos (1.8) e fará mudar a sorte de Israel e de Judá.

 Os versículos seguintes (1.11-15) são uma passagem de transição em que se alternam as promessas de paz e restauração dirigidas ao povo eleito com a ameaça dos terríveis males que haverão de sobrevir à Nínive.

Por fim, na segunda parte do livro (2.1—3.19), o profeta descreve com impressionante sonoridade o assalto à cidade odiada, cuja derrota provocará a ruína completa do Império Assírio.

 Agora, o ritmo poético da linguagem de Naum, a dramaticidade das suas metáforas e a sonoridade das suas palavras evocam o rodar dos carros de guerra, o galopar dos cavalos e o violento fragor da batalha.

 E parece até se escutar, como que brotando do fundo desse quadro de desastre e morte, o clamor vitorioso do povo de Deus.
Esboço:
1. Ira e misericórdia de Deus (1.1-15)
2. Destruição de Nínive (2.1—3.19)
a. Cerco e tomada (2.1-13)
b. Ruína inevitável (3.1-19)








Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Na

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

MIQUÉIAS


                         MIQUÉIAS
 
O profeta e o seu meio
O cabeçalho do livro (1.1) diz que Miquéias, natural de Moresete (ou Moresete-Gate, cf. 1.14), povoado situado a uns 40 km a sudoeste de Jerusalém, viveu “nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”. Foi, portanto, um dos profetas do séc. VIII a.C., contemporâneo de Isaías (Is 1.1), Oséias (Os 1.1) e Amós (Am 1.1).

Miquéias, assim como Isaías, exerceu a sua atividade em Judá; mas também endereçou as suas proclamações a Israel, o Reino do Norte. E o seu julgamento sobre si mesmo, como o de Amós — um “dentre os pastores de Tecoa” (Am 1.1), traz a marca da vida no meio rural.

 Nesse profeta revela-se um interesse imediato por problemas característicos da sociedade agrícola. 

No meio desta, sem dúvida, desenvolveu a sua personalidade, já que os trabalhos do campo eram característicos da região a que Moresete pertencia, a Sefelá, uma faixa de relevo pouco acidentado e que se estende entre as montanhas de Judá e as planícies da costa do mar Mediterrâneo. 

Uma terra boa, de colinas férteis e suaves, onde Miquéias viveu desde criança as amarguras do homem do campo humilde e submetido à prepotência daqueles que “cobiçam campos... fazem violência a um homem e à sua casa” (2.2).
O livro e a sua mensagem
O Livro de Miquéias (= Mq) compõe-se de três partes. A primeira é formada pelos caps. 1—3, e nela predominam os temas de natureza social, com o mesmo fundo crítico próprio do profetismo daquela época.

 Na voz de Miquéias se percebem tons extremamente duros quando repreende a “Samaria e a Jerusalém”, isto é, a Israel e a Judá. Porque em ambas se fomenta a maldade dos governantes e poderosos (3.1-3), a injustiça dos juízes (3.9-10) e a corrupção dos sacerdotes e dos profetas (3.5-7,11); de modo que, por causa deles todos, “Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque” (3.12).

 Esse terrível anúncio da destruição de Jerusalém e do templo impressionou tão profundamente os habitantes da cidade santa, que, um século depois, Jeremias o recolheu na íntegra na sua profecia (Jr 26.18).

Os caps. 4—5 formam a segunda parte do livro. Embora ainda se ouça nela o eco das ameaças anteriores, já predomina no pensamento de Miquéias a esperança de um tempo final (4.1) em que Judá e Israel andarão “em o nome do Senhor, nosso Deus, eternamente e para sempre” (4.5). 

Então, haverá salvação, Jerusalém será restaurada e a ela acudirão as nações, dizendo: “Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à Casa do Deus de Jacó”. 

Ali, conhecerão os caminhos do Senhor e serão instruídos na sua palavra (4.1-2). De Belém, a pequena vila onde nasceu o rei Davi, sairá outro rei, “que será Senhor em Israel” e que também “será a nossa paz” (5.2,5). 

Então, as guerras cessarão, e as armas serão transformadas em instrumentos de paz e de trabalho; então, “converterão as suas espadas em enxadas e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação” (4.3).

O escrito de Miquéias, na sua terceira parte (caps. 6—7), dirige-se particularmente a Israel. Percebe-se uma forte expressão de amargura no falar quando o profeta censura a infidelidade com a qual o povo responde à bondade de Deus:

 “Ó povo meu! Que te tenho feito? E em que te enfadei?” (6.3); porque em Israel triunfa a maldade (6.10—7.6), e é tanta a corrupção moral, que a amizade se desvanece, a justiça é comprada e vendida, a desconfiança separa até mesmo os cônjuges, e a falta de respeito de uns para com os outros destrói a convivência familiar (7.1-6).

Porém, mesmo assim, na profecia prevalece a esperança sobre todos esses males, a certeza de que o Senhor ainda terá misericórdia dos seus, do pequeno “restante” da sua herança que houver permanecido limpo de pecados e infidelidades depois da prova purificadora que o Senhor trará sobre Israel (7.18; cf. 2.12; 4.6-7; 5.7-8). 

Miquéias, no final do livro, expressa a sua confiança de que o Senhor, o qual “tem prazer na benignidade” (7.18), cuidará de Israel também no futuro e o pastoreará como já fez “nos dias da antiguidade”, quando o tirou do Egito e lhe mostrou as suas maravilhas (7.14-20).
Esboço:
1. Juízo de Deus sobre Israel e sobre Judá (1.1—3.12)
2. Reinado universal do Senhor (4.1—5.15)
3. A corrupção de Israel e a misericórdia de Deus (6.1—7.20)



Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Mq

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Com cinco pedras na mão


                     Com cinco pedras na mão
 

                                                    1 Samuel 17.39-40


Eis a história como nos conta a Bíblia: o gigante Golias ameaçava e humilhava o povo
de Israel. Ele era um guerreiro profissional, com vasta experiência em combates. Ele
era o orgulho da raça filistéia, e não seria exagero dizer que muitos jovens de sua terra
queriam crescer e ser como ele: um vencedor.

Ele estava certo da vitória contra os israelitas, por isso propôs que houvesse um duelo,
uma luta entre dois guerreiros apenas, cada um representando o seu povo. O povo do
guerreiro derrotado se tornaria escravo do povo do guerreiro vencedor. A terra devia
tremer quando aquele brutamontes pisava com vontade. Durante 40 dias ele humilhou o
povo de Israel. Ninguém se atrevia a descer na arena e enfrentar o monstro, que além
da força física, estava tão armado que mais parecia um arsenal ambulante.

Até que apareceu Davi no cenário. O jovem pastor de ovelhas não era um guerreiro.
Mas quando ouviu as provocações do gigante, ficou chocado que ninguém se oferecesse
para o enfrentar. É assim que Davi salta para as páginas da fama na Bíblia. Indignado,
ele vai ao riacho, apanha cinco pedras e vai enfrentar a fera. Era como se cada pedra
representasse uma coisa boa, como coragem, convicção, competência, confiança e
conquista.

1. A pedra da CORAGEM
Davi demonstrou não estar com medo do gigante. Chegou-se para o rei Saul e lhe disse:
Ninguém deve ficar com o coração abatido por causa desse filisteu; teu servo irá e
lutará com ele (v. 32).

Às vezes, a gente fica impressionado com o tamanho dos nossos golias, os problemas, e
fica se encolhendo de medo. Davi parecia não estar com medo. Será que ele era tão
ingênuo assim? Ou será que foi porque ele tinha uma outra visão do problema? Lendo
ou ouvindo o texto, fica a impressão de que os soldados de Israel se comparavam com o
gigante e se intimidavam. Davi, não. Ele comparava o poder do gigante com o poder de
Deus, e foi daí que extraiu coragem.

2. A pedra da CONVICÇÃO
Davi levou consigo a pedra da convicção. Para convencer o rei de que ele, Davi, tinha
alguma experiência com as lutas da vida, ele disse: “O Senhor que me livrou das garras
do leão e das garras do urso me livrará das mãos desse filisteu(v. 37). Davi não
pressupôs que ele mesmo tivesse alguma força, mas atribuiu ao Senhor suas vitórias
sobre um leão e sobre um urso. E estava convicto de que o mesmo Senhor lhe daria
também esta outra vitória. Como diria Stanley Jones, ele não apenas possuía
convicções; mas ele, sim, é que estava possuído por elas.

Sem convicção, uma pessoa se encolhe, se esconde, empalidece, enfraquece, esmorece,
estremece e esquece o que deveria fazer; mas se ela tem convicção, ela reúne forças, vai
à luta e vence o inimigo.

3. A pedra da COMPETÊNCIA
O rei Saul quis ajudar Davi a se preparar para a luta e colocou nele armas reluzentes,
bonitas, caras, provavelmente até importadas. Mas a cena ficou ridícula, e Davi
devolveu as armas de Saul, dizendo: “Não consigo andar com isto, pois não estou
acostumado(v. 39). Esta palavra é importante: você só vai conseguir utilizar as armas
que Deus lhe dá, se você estiver acostumado com elas. A Bíblia é espada de dois
gumes, poderosa como poucas armas, mas infelizmente há irmãos que não estão
acostumados a manejá-la. E assim, ficam expostos ao perigo. Recomenda-se pois que
todo guerreiro de Cristo tenha intimidade com as armas espirituais: a Palavra de Deus, a
oração, a adoração, a obediência...
Davi se preparou conveniente e competentemente: foi ao riacho e escolheu cinco pedras
lisas e as colocou em sua bolsa, levando também sua atiradeira (v. 40).

4. A pedra da CONFIANÇA
Davi disse ao filisteu: “Você vem contra mim com espada, com lança e com dardos,
mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de
Israel, a quem você desafiou(v. 45).
O gigante zombou de Davi e suas armas. Mas quando vamos em nome de Deus, somos
“mais que vencedores”. O gigante achava que entendia tudo de lutas e combates, mas
Davi foi ao encontro dele “em nome do Senhor dos Exércitos”. Em Provérbios 21.31
lemos: “...o cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas do Senhor vem a vitória”.

Ouviu, irmão? Então... de onde vem a vitória?
Não vem de nossa sabedoria,
Não vem de nossa esperteza no lidar com os Golias da vida,
Não vem da sofisticação de nossos recursos.
Não vem da potência de nossas armas.
Vem do Senhor, o Deus de Davi.
A Bíblia diz que o nosso Deus é Senhor de tudo, inclusive “Senhor dos exércitos”.

5. A pedra da CONQUISTA
Davi correu ao encontro do gigante, e atirou nele uma pedra. Atirou e acertou. Foi uma
pedra só; era a pedra da conquista. O gigante caiu feio, fazendo muito barulho na queda
e foi derrotado (v. 49). Com toda a sua experiência nos campos de batalha, com todas
as armas que ele trazia consigo, ainda assim o gigante perdeu. Por que perdeu?
O gigante perdeu porque zombou de Deus, e de Deus ninguém deve zombar. Ele é um
Deus que nos criou, nos protege, nos sustenta, nos ama, nos abençoa, mas também quer
ser levado a sério. Ele não quer que o nome dEle seja usado em vão. Ele quer que sua
Palavra seja observada. Ele não é brincadeirinha de gente desocupada. A Bíblia deixa
claro isso quando diz: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo(He 10.31).

Quer ver só?
1. Os irmãos de José zombaram de Deus, venderam o seu irmão como escravo,
como se ele fosse um animal, e depois tiveram que se desculpar com ele e
reconhecer que ele era instrumento de Deus para a sobrevivência deles.

2. Faraó zombou de Deus, caiu nas mãos do Deus vivo, afundou e se afogou no
Mar Vermelho com todos os seus “carros e cavaleiros”!

3. Os cananeus zombaram de Deus, caíram nas mãos do Deus vivo e sumiram da
história.

4. O ambicioso Absalão zombou de Deus, do pai e do país, caiu nas mãos do Deus
vivo e morreu jovem, sem trono e sem nome.

5. Jezabel zombou de Deus, morreu e virou ração para cachorro.

6. O orgulhosíssimo Nabucodonozor zombou de Deus, caiu nas mãos do Deus vivo
e foi comer grama com e como os animais!

7. Os conspiradores contra Daniel zombaram de Deus, e foram devorados pelos
leões da Babilônia.

8. O político inescrupuloso na corte persa, Hamã, planejou um Holocausto contra o
povo de Deus, e foi executado na própria forca que mandou preparar para
Mardoqueu.

Deus é amor. Se você o temer e servir, ele colocará a vitória nas suas mãos, como fez
com o jovem Davi. Mas se você fizer como o povo de Israel fez ao tempo de Jeremias,
Ele revelará o outro lado de sua pessoa, que você não vai ficar feliz em conhecer.
Davi venceu o gigante zombador. Venceu porque Deus lhe deu a vitória!

Conclusão
É imensa a tentação de pensar que a vitória é produto do próprio braço do homem.
Como na história do pica-pau, que li faz pouco e com a qual concluo:
Era uma vez um pica-pau que se pôs a dar bicadas no tronco de uma árvore. Concentrou
toda a sua força no bico e começou a trabalhar.
Ao mesmo tempo em que fazia isso, uma forte tempestade se aproximava.
Chuva, trovões, relâmpagos.
Um raio caiu e derrubou a árvore.
Vendo aquilo, o pica-pau primeiro recuou assustado.
Depois, se empinou e foi, fanfarrão, dizer aos amigos:
— Vocês viram como eu sou forte?
Davi não diria isso; na verdade, o que ele disse foi: “...eu sou pobre e necessitado;
contudo o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te
detenhas, ó meu Deus” (Sl 40.17).

Pr. João Soares da Fonseca