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sábado, 8 de dezembro de 2012

JONAS


                         JONAS
    
O profeta e a mensagem
A referência a Amitai, o pai de Jonas (1.1), é a única informação que o Livro de Jonas (= Jn) fornece para a identificação pessoal do profeta.

 É a mesma informação que se encontra em 2Rs 14.23-25, onde se acrescenta que Jonas viveu nos dias de Jeroboão II, rei de Israel (783-743 a.C.). 

No entanto, ao contrário do habitual, em que a pessoa do profeta recebia uma atenção apenas circunstancial (cf. Is 6.5; Jr 7.1-15; 26.1-19; Os 1.2—3.5; Am 7.10-17), o Livro de Jonas, provavelmente escrito muito mais tarde, consiste do princípio ao fim em uma espécie de relato biográfico. 

Relata as peripécias protagonizadas pelo próprio profeta, um homem que, contra a sua vontade, é enviado por Deus para cumprir fora de Israel, em Nínive, a longínqua capital do Império Assírio, a árdua tarefa de anunciar aos seus habitantes que, ao final de quarenta dias, a cidade seria destruída (3.4).

A narrativa apresenta Nínive como paradigma do pecado. Aos olhos de Deus, a maldade, ali, cresceu (1.2) a ponto de já ter sido decretado o seu castigo iminente. 

A gravidade do assunto torna extremamente delicada a missão do profeta.

 Este, consciente do problema, busca na fuga a maneira de escapar de sua responsabilidade e, ao invés de seguir o caminho por terra para o oriente, em direção à capital da Assíria, embarca em um navio rumo a Társis, para o ocidente, a fim de escapar “de diante da face do Senhor” (1.3).

Da perspectiva da sua negativa em cumprir a ordem divina, Jonas pode ser comparado a outros profetas do Antigo Testamento que também relutaram em aceitar a missão que Deus lhes confiava.

 Moisés, Elias, Jeremias e outros, recorrendo a possíveis razões de incompetência, debilidade ou temor, tentaram, assim como Jonas, eximir-se da responsabilidade que Deus colocava sobre os seus ombros.

Mas foi provavelmente Jonas o profeta que, com maior tenacidade, manteve a sua recusa.

 E, quando se viu forçado a ir a Nínive e transmitir a mensagem de que era portador, o fez zangado, chegando ao extremo de lamentar amargamente a salvação da cidade à qual ele havia anunciado a iminência do desastre.

 Doeu-lhe o fato de os ninivitas terem se convertido da sua má conduta e de ter Deus voltado atrás “do mal que tinha dito lhes faria e não o fez” (3.10).

 Jonas, que não tivera medo de confessar a sua nacionalidade e a sua fé (1.9) e que até mesmo não tivera dúvida em oferecer a sua vida para que outros se salvassem (1.11-12), temia, no entanto, perder o seu prestígio de profeta e ficar mal aos olhos dos outros.

 E preferia a morte a continuar vivendo depois do que considerava o fracasso da sua missão (4.1-3).

Por outro lado, na figura de Jonas revela-se o israelita de visão estreita, para quem a salvação é um privilégio outorgado por Deus exclusivamente ao povo judeu. 

Mas é precisamente o desenrolar da narrativa que conduz à conclusão oposta de que Deus não faz diferença entre um ser humano e outro.

 Esta é a atitude que o profeta não entende no Senhor, em “seu Deus”, a quem ele orava “das entranhas do peixe” (2.1). 

Todavia, nessa sua incapacidade de compreender o alcance universal do amor de Deus fundamenta-se a extraordinária força dramática do livro. 

Todos, sejam judeus ou gentios, são igualmente objeto da misericórdia de Deus; e todo pecador que se arrepende e muda de conduta tem a porta aberta ao seu perdão (1.16; 3.10; 4.10-11. Cf. Jr 18.8; Ez 18.23,31-32).

Este livro tem notável valor simbólico, recolhido pelo Novo Testamento nas palavras de Jesus a respeito do “sinal de Jonas”. 

Quando alguns escribas e fariseus lhe pediram que fizesse um sinal sobrenatural, Jesus, relacionando a sua própria morte com a história do profeta, responde-lhes que não daria outro sinal senão o de Jonas (Mt 12.40).
Esboço:
1. Jonas foge do Senhor (1.1-17)
2. Oração de Jonas (2.1-10)
3. Nínive se arrepende (3.1-10)
4. O descontentamento de Jonas e a misericórdia de Deus (4.1-11)


Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Jn

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