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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

MIQUÉIAS


                         MIQUÉIAS
 
O profeta e o seu meio
O cabeçalho do livro (1.1) diz que Miquéias, natural de Moresete (ou Moresete-Gate, cf. 1.14), povoado situado a uns 40 km a sudoeste de Jerusalém, viveu “nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”. Foi, portanto, um dos profetas do séc. VIII a.C., contemporâneo de Isaías (Is 1.1), Oséias (Os 1.1) e Amós (Am 1.1).

Miquéias, assim como Isaías, exerceu a sua atividade em Judá; mas também endereçou as suas proclamações a Israel, o Reino do Norte. E o seu julgamento sobre si mesmo, como o de Amós — um “dentre os pastores de Tecoa” (Am 1.1), traz a marca da vida no meio rural.

 Nesse profeta revela-se um interesse imediato por problemas característicos da sociedade agrícola. 

No meio desta, sem dúvida, desenvolveu a sua personalidade, já que os trabalhos do campo eram característicos da região a que Moresete pertencia, a Sefelá, uma faixa de relevo pouco acidentado e que se estende entre as montanhas de Judá e as planícies da costa do mar Mediterrâneo. 

Uma terra boa, de colinas férteis e suaves, onde Miquéias viveu desde criança as amarguras do homem do campo humilde e submetido à prepotência daqueles que “cobiçam campos... fazem violência a um homem e à sua casa” (2.2).
O livro e a sua mensagem
O Livro de Miquéias (= Mq) compõe-se de três partes. A primeira é formada pelos caps. 1—3, e nela predominam os temas de natureza social, com o mesmo fundo crítico próprio do profetismo daquela época.

 Na voz de Miquéias se percebem tons extremamente duros quando repreende a “Samaria e a Jerusalém”, isto é, a Israel e a Judá. Porque em ambas se fomenta a maldade dos governantes e poderosos (3.1-3), a injustiça dos juízes (3.9-10) e a corrupção dos sacerdotes e dos profetas (3.5-7,11); de modo que, por causa deles todos, “Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque” (3.12).

 Esse terrível anúncio da destruição de Jerusalém e do templo impressionou tão profundamente os habitantes da cidade santa, que, um século depois, Jeremias o recolheu na íntegra na sua profecia (Jr 26.18).

Os caps. 4—5 formam a segunda parte do livro. Embora ainda se ouça nela o eco das ameaças anteriores, já predomina no pensamento de Miquéias a esperança de um tempo final (4.1) em que Judá e Israel andarão “em o nome do Senhor, nosso Deus, eternamente e para sempre” (4.5). 

Então, haverá salvação, Jerusalém será restaurada e a ela acudirão as nações, dizendo: “Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à Casa do Deus de Jacó”. 

Ali, conhecerão os caminhos do Senhor e serão instruídos na sua palavra (4.1-2). De Belém, a pequena vila onde nasceu o rei Davi, sairá outro rei, “que será Senhor em Israel” e que também “será a nossa paz” (5.2,5). 

Então, as guerras cessarão, e as armas serão transformadas em instrumentos de paz e de trabalho; então, “converterão as suas espadas em enxadas e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação” (4.3).

O escrito de Miquéias, na sua terceira parte (caps. 6—7), dirige-se particularmente a Israel. Percebe-se uma forte expressão de amargura no falar quando o profeta censura a infidelidade com a qual o povo responde à bondade de Deus:

 “Ó povo meu! Que te tenho feito? E em que te enfadei?” (6.3); porque em Israel triunfa a maldade (6.10—7.6), e é tanta a corrupção moral, que a amizade se desvanece, a justiça é comprada e vendida, a desconfiança separa até mesmo os cônjuges, e a falta de respeito de uns para com os outros destrói a convivência familiar (7.1-6).

Porém, mesmo assim, na profecia prevalece a esperança sobre todos esses males, a certeza de que o Senhor ainda terá misericórdia dos seus, do pequeno “restante” da sua herança que houver permanecido limpo de pecados e infidelidades depois da prova purificadora que o Senhor trará sobre Israel (7.18; cf. 2.12; 4.6-7; 5.7-8). 

Miquéias, no final do livro, expressa a sua confiança de que o Senhor, o qual “tem prazer na benignidade” (7.18), cuidará de Israel também no futuro e o pastoreará como já fez “nos dias da antiguidade”, quando o tirou do Egito e lhe mostrou as suas maravilhas (7.14-20).
Esboço:
1. Juízo de Deus sobre Israel e sobre Judá (1.1—3.12)
2. Reinado universal do Senhor (4.1—5.15)
3. A corrupção de Israel e a misericórdia de Deus (6.1—7.20)



Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Mq

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